Ano de 2017, final do Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão, fui à Arena Fonte Nova assistir ao jogo Bahia e Chapecoense, e ver a nova Chape, pós-tragédia ocorrida na Colômbia, em novembro de 2016, para fazer algumas fotos, como de hábito, por tratar-se de prazeroso hobby.
Já dentro do estádio, após alguns cliques, despertou-me a atenção uma grande e destacada faixa afixada acima de um dos placares eletrônicos com letras maiúsculas – BBMP – e um escudo do Bahia do lado esquerdo. Tentei associá-las, sem sucesso, à sigla de algum banco patrocinador como, por exemplo, o BBV (Banco Bilbao Vizcaya), o único que me veio à mente na ocasião.
Resisti quanto pude pedir ajuda a algum torcedor. Decidi, no entanto, mesmo receoso de confessar minha insciência clubística ou chamar atenção das pessoas por perto, perguntar a um garoto de seus presumíveis dez anos de idade, sentado ao meu lado direito:
— Meu amiguinho, o que quer dizer aquelas letras acima do placar, BBMP? Você sabe?
Aquele simpático e esperto garotinho virou o rosto para o lado oposto e falou com um cidadão com uniforme do Bahia, a demonstrar aparente indignação ante minha ignorância futebolística:
Aquele simpático e esperto garotinho virou o rosto para o lado oposto e falou com um cidadão com uniforme do Bahia, a demonstrar aparente indignação ante minha ignorância futebolística:
— Opaí, meu pai, opaí. Ele aqui num sabe o que é BBMP, não.
E, em voz alta, desenvolveu para mim, pausadamente, a emblemática sigla, que me houvera dado curto-circuito nos neurônios:
— Bora, Bahêa, Minha Porra! Tá sabendo agora, meu tio, o que é BBMP?
— Agora, tô, meu amiguinho. Obrigado. Pensei que fosse sigla de um banco.
— Opaí! De novo! Que banco, que nada, meu tio?! Demorô! É mô Bahêa, meu Esquadrão de Aço!
E para arrematar com chave de ouro, digo melhor, com chave de Aço, aquele menino levantou-se, ergueu os braços e, entusiasticamente, vociferou seu grito guerra, que coincidiu com placar eletrônico a anunciar a escalação do Tricolor de Aço, o seu Esporte Clube Bahia, para explosão da delirante galera:
— Booora, Bahêêêa, Minha Pooorra! Booora, Bahêêêa! Booora! Bora! Bora!
Em tempo: Conto, revisto e ampliado, publicado originalmente no site Matutar Notícias em 12/4/2018, onde pode ser acessado através do link a seguir e, se desejar, ler alguns comentários alusivos a ele: https://www.matutar.com.br/arte-e-cultura/o-dia-que-conheci-o-bbmp/.