Segundo me contaram, e aí bato de cara com o dito popular que assegura que “quem conta um conto aumenta um ponto”. Neste aqui, ainda que quisesse, não daria. Por isso, garanto: vou vender meu peixe pelo mesmo preço que o comprei. Afinal, confirmei o episódio com o protagonista da narrativa.
Aula de Ciências Naturais, terceiro ano ginasial. O professor explicava o funcionamento do aparelho respiratório humano. E ele era daqueles que impunham respeito, raramente brincava e não perdia chance para dar lição de moral em quem quer que seja. Pupilo algum perturbava sua aula. Meter-se a besta com ele era correr sério risco de advertência ou suspensão. Basta dizer que, quando ele entrava na sala de aula, todos o recebiam de pé e esperavam sua ordem para voltarem a sentar. Era a tônica dos anos 1970.
— Muito obrigado! Podem sentar, por obséquio!
A aula transcorria sem novidade. O assunto não era dos mais atraentes. E lá pelo finalzinho, com os alunos já doidos pelo recreio para lancharem (e conversarem, porque durante a aula não se atreviam), o mestre concluiu assim o desinteressante conteúdo didático:
— Esses pelinhos que temos dentro do nariz, chamados vibrissas nasais, não estão aí para enfeite. Eles servem para filtrar o ar que respiramos. Retêm as partículas de poeira em suspensão no ar que, juntadas à secreção natural do interior das fossas nasais, formam o que comumente chamamos meleca, caraca. Por esta razão é que devemos limpar direito as narinas, quando vamos banhar ou lavar o rosto. Isso faz parte da higiene pessoal. Entenderam? Claro que todos entenderam, mesmo assim alguém perguntou:
— Professor, tem gente que come, não tem? — perguntou displicentemente René de Sá, o filho de Nenzinha de Luiz Soldado.
— É, René, tem gente que come. E você come, René?
— Eu não. E o senhor? — replicou de supetão o destemido pupilo.
— Eu também não, René! — esquivou-se o sisudo mestre com a cara sambando ante o inesperado questionamento do intrépido educando.
“É isso aí. Brinquei, tive de aguentar as pontas”, comentou o professor na Secretaria da escola com seus pares, que reagiram às gargalhadas. “Toooma, vai provocar aluno!”, foi o que ele mais ouviu.
Aula de Ciências Naturais, terceiro ano ginasial. O professor explicava o funcionamento do aparelho respiratório humano. E ele era daqueles que impunham respeito, raramente brincava e não perdia chance para dar lição de moral em quem quer que seja. Pupilo algum perturbava sua aula. Meter-se a besta com ele era correr sério risco de advertência ou suspensão. Basta dizer que, quando ele entrava na sala de aula, todos o recebiam de pé e esperavam sua ordem para voltarem a sentar. Era a tônica dos anos 1970.
— Muito obrigado! Podem sentar, por obséquio!
A aula transcorria sem novidade. O assunto não era dos mais atraentes. E lá pelo finalzinho, com os alunos já doidos pelo recreio para lancharem (e conversarem, porque durante a aula não se atreviam), o mestre concluiu assim o desinteressante conteúdo didático:
— Esses pelinhos que temos dentro do nariz, chamados vibrissas nasais, não estão aí para enfeite. Eles servem para filtrar o ar que respiramos. Retêm as partículas de poeira em suspensão no ar que, juntadas à secreção natural do interior das fossas nasais, formam o que comumente chamamos meleca, caraca. Por esta razão é que devemos limpar direito as narinas, quando vamos banhar ou lavar o rosto. Isso faz parte da higiene pessoal. Entenderam? Claro que todos entenderam, mesmo assim alguém perguntou:
Vibrissas felinas ou bigode dos gatos. Foto: Thiago Afonso. |
— É, René, tem gente que come. E você come, René?
— Eu não. E o senhor? — replicou de supetão o destemido pupilo.
— Eu também não, René! — esquivou-se o sisudo mestre com a cara sambando ante o inesperado questionamento do intrépido educando.
“É isso aí. Brinquei, tive de aguentar as pontas”, comentou o professor na Secretaria da escola com seus pares, que reagiram às gargalhadas. “Toooma, vai provocar aluno!”, foi o que ele mais ouviu.