Ser detentor de nome utilizado tanto para homem quanto para mulher pode trazer alguns contratempos ou motivar gracejos. Confiram e divirtam-se.
Desde que entrei para a escola, já assinei meu nome de diversas formas: Adenil Novais Neto, Adinil Novais Neto e Adenil Novais Neves. Pelo que se observa, apenas o Novais prevaleceu (até hoje!). Somente quando ingressei no Ginásio (1971) e tive que apresentar a Certidão para a professora Nenza Novaes, é que passei a escrever corretamente meu nome: Adnil Novais Neto.
Adenil Novais Neto, primeiro ano primário, aluno de Rosa Magalhães. 1967. Acervo do autor. |
Adinil Novais Neto, primeiro ano primário, aluno de Rosa Magalhães. 1967. Acervo do autor. |
Adenil Novais Neto, terceiro ano primário, aluno de Elde Suely Bueno. 1969. Acervo do autor. |
Adenil Novais Neves, quarto ano primário, aluno de Dilza Borges Soares. 1970. Acervo do autor. |
Meu tio, Osias Almeida, juiz de futebol, poeta temporão, cidadão letrado, santa-mariense de inteligência sempre lembrada por seus contemporâneos, preferiu chamar-me apenas por Novais. É que ele via em Adnil um nome de eufonia pouco impactante, além de ser utilizado para nominar homens e mulheres. E assim fiquei conhecido.
E foi certamente pela última razão, por ter nome unissex, que passei por momentos até divertidos, e por outros, nem tanto. Na época de ginasiano, quando, numa brincadeira de ler os nomes dos colegas de trás para frente, acabaram por descobrir (para azar meu) que Adnil virava lindA. Porém, confesso, isso não me perturbou em nada, sempre procurei tirar de letra, levar na esportiva.
Ao entrar para a faculdade, aí sim, a situação foi meio complicada. Recebi uma carta registrada da Universidade Federal da Bahia (UFBA) informando que eu não poderia colar grau porque havia perdido, por falta, em Educação Física. Fiquei assustado, pois estava dispensado dessa disciplina, uma vez que trabalhava e sempre apresentei em todos os semestres atestado comprobatório. Um detalhe, porém, no destinatário da missiva, despertou-me atenção, o que me tranquilizou, de certa forma, porque estava grafado Srª. Adnil, fato que poderia, de antemão, evidenciar algum engano.
Fui à Secretaria Geral de Cursos para saber o que se passava e lá os servidores da UFBA acabaram por descobrir que meu nome não constava na lista de frequência dos homens, mas, das mulheres. Por esta razão, concluíram que meus atestados não poderiam, jamais, chegar às mãos do educador físico correto. Tudo, no entanto, foi corrigido a tempo para se chegar a um final feliz.
Por curiosidade, dia desses, andei a pesquisar meu nome no Google e acabei por descobrir alguns e algumas Adnis, como Adnil Maria, Adnil Regina, Adnil Sônia, porém não vi nenhum Adnil com um segundo nome indiscutivelmente masculino, a torná-lo composto, como, por exemplo, Adnil Manoel ou Adnil Joaquim, o que seria até uma boa opção para mim, vez que estaria a homenagear minha ascendência portuguesa por parte de minha mãe, Jandira Affonso de Almeida, cujo trisavô, André Affonso de Oliveira, é originário da Cidade do Porto, em Portugal.
Ainda como resultado dessa pesquisa no Google, pude constatar que Adnil tem origem hebraica, sendo uma possível variação de Adiel, que significa “meu adorno é Deus”. Já um antigo radialista da Rádio Bandeirantes, Hélio Ribeiro, da década de 1970, no seu programa “O Poder da Mensagem”, ao responder carta minha, disse o seguinte: “Este programa, que muito nos honra e envaidece, é ouvido em Santa Maria da Vitória, na Bahia, por Adnil Novais Neto, que quer saber a origem e significado do seu nome.” — e continuou — “Adnil vem de Adelino, de origem germânica, que significa ‘serpente nobre, serpente da nobreza’”. Pronto! E agora? Sou adorno ou sou serpente?
Por outro lado, talvez por falta de um segundo nome, mesmo havendo um “Neto” no final do meu, o que — em tese — poderia ajudar a definir o gênero masculino, para evitar gafe, não ajuda em nada ou é solenemente ignorado, principalmente, quando alguém que não me conhece, me telefona, o que acontece frequentemente com operadores de telemarketing, cujo diálogo começa quase sempre com o mesmo script:
— Por favor, gostaria de falar com a senhora Adnil — ao que prontamente respondo, sem demonstrar estranheza:
— A senhora Adnil não está no momento. Quem fala aqui é o marido dela, que sou eu, Adnil Novais. Pode continuar, por favor...
Do outro lado, percebo muitas vezes titubeio na voz de quem fez a ligação, que precipita a pedir-me desculpas e noutras tantas vezes, simplesmente, desliga, pensando tratar-se de algum brincalhão — o que não deixa de sê-lo, claro — a fazer gracinha, como normalmente dizemos.
Outro episódio risível aconteceu no final de ano de 2016, quando certo mensageiro deixou na Gerência da Transalvador, Autarquia onde trabalho, com minha colega Cátia Fernandes alguns livros a mim destinados com os seguintes dizeres: “Cara Senhora Adnil Novaes”. Evidentemente que tais palavras me fizeram um “saco de risada” para meus colegas. E com toda razão! Eu riria também!
Este acontecimento e os demais, acreditem, em nada me chateiam, pelo contrário, até instigam-me a tecer crônicas e mais crônicas. Quanto ao deslize no nome do destinatário dos livros, que também não me indigna, credita-se a assessor menos atento, jamais ao amigo Everaldo Augusto, o remetente, ex-colega do Cursinho Status e do antigo Banco do Estado da Bahia, e destacado ex-vereador soteropolitano, que me presenteou alguns bons exemplares de escritores baianos, pelo que lhe agradeci.
Em tempo:
Antes de publicar esta crônica, enviei-a para apreciação de Everaldo Augusto que, de forma divertida e bem humorada, me respondeu:
Ainda bem que você não é um coronel das barrancas do Rio Corrente, caso fosse, eu estaria em maus lençóis, e esse meu assessor estaria fugindo da Bahia.
Desculpe, meu amigo, vou reclamar com o assessor desassuntado.
Adorei a crônica. Parabéns. Feliz Natal. Abraços.
Salvador (BA), 23/12/2016.
E foi certamente pela última razão, por ter nome unissex, que passei por momentos até divertidos, e por outros, nem tanto. Na época de ginasiano, quando, numa brincadeira de ler os nomes dos colegas de trás para frente, acabaram por descobrir (para azar meu) que Adnil virava lindA. Porém, confesso, isso não me perturbou em nada, sempre procurei tirar de letra, levar na esportiva.
Ao entrar para a faculdade, aí sim, a situação foi meio complicada. Recebi uma carta registrada da Universidade Federal da Bahia (UFBA) informando que eu não poderia colar grau porque havia perdido, por falta, em Educação Física. Fiquei assustado, pois estava dispensado dessa disciplina, uma vez que trabalhava e sempre apresentei em todos os semestres atestado comprobatório. Um detalhe, porém, no destinatário da missiva, despertou-me atenção, o que me tranquilizou, de certa forma, porque estava grafado Srª. Adnil, fato que poderia, de antemão, evidenciar algum engano.
Fui à Secretaria Geral de Cursos para saber o que se passava e lá os servidores da UFBA acabaram por descobrir que meu nome não constava na lista de frequência dos homens, mas, das mulheres. Por esta razão, concluíram que meus atestados não poderiam, jamais, chegar às mãos do educador físico correto. Tudo, no entanto, foi corrigido a tempo para se chegar a um final feliz.
Por curiosidade, dia desses, andei a pesquisar meu nome no Google e acabei por descobrir alguns e algumas Adnis, como Adnil Maria, Adnil Regina, Adnil Sônia, porém não vi nenhum Adnil com um segundo nome indiscutivelmente masculino, a torná-lo composto, como, por exemplo, Adnil Manoel ou Adnil Joaquim, o que seria até uma boa opção para mim, vez que estaria a homenagear minha ascendência portuguesa por parte de minha mãe, Jandira Affonso de Almeida, cujo trisavô, André Affonso de Oliveira, é originário da Cidade do Porto, em Portugal.
Ainda como resultado dessa pesquisa no Google, pude constatar que Adnil tem origem hebraica, sendo uma possível variação de Adiel, que significa “meu adorno é Deus”. Já um antigo radialista da Rádio Bandeirantes, Hélio Ribeiro, da década de 1970, no seu programa “O Poder da Mensagem”, ao responder carta minha, disse o seguinte: “Este programa, que muito nos honra e envaidece, é ouvido em Santa Maria da Vitória, na Bahia, por Adnil Novais Neto, que quer saber a origem e significado do seu nome.” — e continuou — “Adnil vem de Adelino, de origem germânica, que significa ‘serpente nobre, serpente da nobreza’”. Pronto! E agora? Sou adorno ou sou serpente?
Por outro lado, talvez por falta de um segundo nome, mesmo havendo um “Neto” no final do meu, o que — em tese — poderia ajudar a definir o gênero masculino, para evitar gafe, não ajuda em nada ou é solenemente ignorado, principalmente, quando alguém que não me conhece, me telefona, o que acontece frequentemente com operadores de telemarketing, cujo diálogo começa quase sempre com o mesmo script:
— Por favor, gostaria de falar com a senhora Adnil — ao que prontamente respondo, sem demonstrar estranheza:
— A senhora Adnil não está no momento. Quem fala aqui é o marido dela, que sou eu, Adnil Novais. Pode continuar, por favor...
Do outro lado, percebo muitas vezes titubeio na voz de quem fez a ligação, que precipita a pedir-me desculpas e noutras tantas vezes, simplesmente, desliga, pensando tratar-se de algum brincalhão — o que não deixa de sê-lo, claro — a fazer gracinha, como normalmente dizemos.
Outro episódio risível aconteceu no final de ano de 2016, quando certo mensageiro deixou na Gerência da Transalvador, Autarquia onde trabalho, com minha colega Cátia Fernandes alguns livros a mim destinados com os seguintes dizeres: “Cara Senhora Adnil Novaes”. Evidentemente que tais palavras me fizeram um “saco de risada” para meus colegas. E com toda razão! Eu riria também!
Papel colado no envelope contendo os livros enviados por Everaldo Augusto. 2016. |
Em tempo:
Antes de publicar esta crônica, enviei-a para apreciação de Everaldo Augusto que, de forma divertida e bem humorada, me respondeu:
Ainda bem que você não é um coronel das barrancas do Rio Corrente, caso fosse, eu estaria em maus lençóis, e esse meu assessor estaria fugindo da Bahia.
Desculpe, meu amigo, vou reclamar com o assessor desassuntado.
Adorei a crônica. Parabéns. Feliz Natal. Abraços.
Salvador (BA), 23/12/2016.