domingo, 19 de abril de 2020

Falência contábil de um amor

Neste poema, utilizo termos das Contabilidades Geral e Bancária para narrar hipotética história de amor. Confiram.

Esta poesia, Falência contábil de um amor, foi a conclusão de um curso realizado pelo Banco do Estado da Bahia (Baneb) para um grupo de funcionários, nos anos 1990, em que cada participante deveria apresentar um texto livre no qual pudesse demonstrar o que aprendeu.

Tempos depois, em 1994, o mesmo banco realizou um concurso interno de poesia do qual participei com o citado poema, logrando o segundo lugar, entre três vencedores, tendo com isso recebido uma recompensa de R$ 100,00.



O resultado do concurso foi publicado no Jornal AABANEB Notícias, Ano VI, Edição Nº 1, Janeiro de 1995 como o título Poesias Premiadas. A primeira colocada foi Ausência, de Sálvio Emanuel Batista Brito; segundo lugar, Falência contábil de um amor, de Adnil Novais Neto; e terceira classificada, a poesia Para onde foram os pardais?, de Raimundo Marinho.

Jornal AABANEB Notícias e cópias do Chequemate BANEB (frente e verso). 1995. Acervo do autor.
Aproveito a oportunidade para oferecê-la aos meus ex-professores e ex-colegas do Curso de Contabilidade do Centro Educacional Santamariense, primeira turma de formandos da cidade, em 1977. Dedico ainda aos meus ex-colegas do extinto banco, que boas lembrança nos deixou, onde tive a mais valiosa experiência profissional.

Este poema faz parte do meu terceiro livro, Meu lugar é aqui no Centenário de Santa Maria da Vitória, páginas 95-96, publicado no ano de 2009, por ocasião dos 100 anos de emancipação política e administrativa do município.

Formandos da 1ª Turma do Curso de Contabilidade do Centro Educacional Santamariense. Solenidade realizada no Clube Social, Literário, Dramático e Recreativo 2 de Julho. Santa Maria da Vitória, Bahia. 1977. Acervo do autor.





Alunos do 2º Ano do Curso de Contabilidade do Centro Educacional Santamariense. 1976. Acervo do autor.
Festa junina na Central de Cobrança do Banco do Estado da Bahia. Encenação de casamento na roça. Década de 1980. Acervo do autor.

Festa junina na Central de Cobrança do Banco do Estado da Bahia. Encenação de casamento na roça. Década de 1980. Acervo do autor.
Festa junina na Central de Cobrança do Banco do Estado da Bahia. Encenação de casamento na roça. Década de 1980. Acervo do autor.

Falência Contábil de um amor


Quando nosso amor parecia um bem durável,
Você só via crédito em meus sentimentos
E torcia muito por um resultado positivo.
Tudo era lindo porque o lucro esperado
Indicava uma inflação de felicidades.

Nossos sonhos eram capitalizados
E as evidências circulantes tendiam
Para uma desejada e feliz junção
De um amor realizável a curto prazo.
Foram dias em que o saldo positivo
Era o resultado da compensação amorosa.

Mas tudo tem um fim e um preço e,
Muitas vezes, por mais ativo que pareceu
O amor real, faltou-lhe consistência.
Você passou a fazer cobranças absurdas
Que nem mesmo o aval da minha sinceridade
Conseguiu criar uma estabilidade relativa.

Passei então a ser absolutamente passivo,
Mas reclamando dividendos por ter sido
Sempre leal, sem o mínimo de desconto,
Para tentar, desse modo, reduzir a zero
Um suposto saldo devedor que criara.

Nada deu certo. Nada! E aquilo que parecia
Permanente e amparado por sólidos
Investimentos, tornou-se rendas de cobrança.
A insolvência absoluta foi tão cruel, tão cruel,
Que apesar de tantos e tantos réditos positivos,
Chegou ao fim o nosso deficitário,
Ao dar-se a fatídica Apuração do Resultado.

NOVAIS NETO. Falência contábil de um amor. In: ______ Meu lugar é aqui no Centenário de Santa Maria da Vitória. Salvador: Press Color, 2009. p. 95. 164p.

7 comentários:

  1. Bem criativo o texto, parabens!
    Nao sei o porque de eu nao aparecer nas fotos.

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  2. Maravilhoso! Deus conserve sua criatividade, amigo, amei a comparação do amor com a contabilidade, afinal, em nossas relações vivemos em balanço constante!👏👏👏😘

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  3. Muito legal Novais. Já conhecia, mas lê-lo novamente tem outro significado: uma construção, uma inspiração inteligente. Congratulation.

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  4. Parabéns meu Amigo, a primeira turma foram vocês e minha turma a segunda. Abraço

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Às vezes, a vida nos surpreende tão imponderavelmente que nem mesmo o mais invulnerado coração pode p rever e prevenir-se de algo que não de...