domingo, 10 de fevereiro de 2019

Pensamentos e Reflexões

Disponibilizo, nesta página, alguns pensamentos e reflexões publicados nos meus dois primeiros livros: Flutuando na Areia (1988) e Ave Corrente (1992), para apreciação dos leitores.

Flutuando na Areia

     Existem infinitos motivos que me fizeram lembrar o teu aniversário. Um deles, pelo menos, é inegável: nunca me esqueci de ti.
    Não pretendo ser resposta, a interrogação é um bom princípio.
    Se alguém te amar mais do que eu e, de presente, te der o mundo, este alguém é ladrão e vigarista. Ladrão porque me roubou; vigarista porque te iludiu, presenteando-te com algo que já era teu.
    Vingar-se de um amor é sofrer por orgulho.
    Sufocar um amor que assenta bem é pior que amar a pessoa errada.
    Ser mãe é ser tanta coisa, que nem sei o que dizer, agora. É fazer da lágrima o sorriso franco; do relento o teto; da fome o alimento; do nado o tudo. Ser mãe... Será que existe missão mais sublime?
    “Mulher é a mais bela encenação do amor: às vezes tão dramática que nos causa sofrimento. Quase divina que é sempre perdoada”.
    Se amar é viver, por que então eu amo e não vivo? Amar é sentir a presença e não viver de fantasias. Quando se diz que um verdadeiro amor na longa ausência se prova, esquece-se, no entanto, que provar não é viver. Melhor seria viver um grande amor sem nunca ter que o provar.
    Permita-me dizer-lhe algo muito confidencial: gosto muito de você, não importa se gosto de outra, tá?!
    Esta vida é uma tremenda gozação, pois eu queria muito ter você, queria muito mesmo, mas alguém diz que não, e... eu atendo.
    Hoje me vejo só, embora veja tanta gente (só) ao meu redor.
    Deixe-me sonhar, flanar, um dia cairei das nuvens... E daí?
    Tenho sido muito romântico e amado muito pouco.
    Existem momentos na vida que uma eternidade dura menos que um mísero segundo e, aí, talvez, resida o belo e fascinante mistério do tempo.
    PENSAR em você, pensar que já fomos UM, é tão bom, tão romântico e relaxante que quase sempre me esqueço de mim mesmo.
    Diante de tantos atalhos e a consequente distância deixada, restou-me o consolo da poesia e a certeza de que te amo muito.
    Do mesmo modo que a crítica mordaz pode levar alguém à sarjeta, o elogio demasiado e descabido pode corromper um líder.
    Um dia no futuro deixarei esta vida material e passarei à memória daqueles a quem lhes sou caro, apesar de você que ainda não me viu... e nem verá. Ou se vê, ignora.
    Fazer tudo no antetempo é pôr o antes depois do depois; é marcar-passo. O depois é o agora. O antes é o depois que se tornou agora e já passou.
    Fazer tudo extemporaneamente é pôr o depois antes do antes; é antecipar sofrimento. Não vê que basta a ansiedade de agora, para que juntá-la ao depois? Tudo vem no tempo certo, pela própria força do “há de vir”.
     “Me dá um tempo” é o binômio esperança-desespero que, no momento feliz, dá a luz e na angústia vira treva. “Me dá um tempo” é o prelúdio da saudade que antecipa a dor do “não dá mais”.
     A distância que nos separa não é tão grande, mas o silêncio tem sido maior.
     Não existe coisa mais linda do que uma lágrima de saudade nos olhos de uma mulher amada.
     O silêncio, por vezes, dói infinitamente mais do uma ofensa.
     Dentre as palavras que o Silêncio traduz, uma delas me diz: adeus.
     A lágrima da saudade é o coração chorando pelos olhos.
     Meu coração é um mar velejado pela saudade que sinto de você.
     Flanar é o sublime direito de, na saudade, encontrá-la sorridente, meiga e só minha.
     Minha mãe: uma heroína que da lágrima faz o sorriso; da saudade faz o conforto; do amor fez-me filho.
     Meu amor: Tive, não tenho, terei. – Solidão que a saudade me traz. – O sonho gravado numa fita do tempo.
     Quem sofre por um amor não é fraco, é gente, pois nem todos têm coragem para tanto.
     A felicidade é uma coisa que nem sempre a encontramos onde supomos que esteja. Por caminhos tortuosos, às vezes, trilha, mas seu destino é certo.
     O amor é, às vezes, o mais ingrato dos sentimentos do homem. Nem sempre aquela a quem amamos, somos dela o seu amado.
     Se me visses com meus olhos, ver-te-ias como és linda, sobretudo, importante. Entendeste?
     Saudade é a lembrança do amor que um dia vivemos e agora se foi.
     Amar-te é ter-te nas horas tristes e nos minutos felizes.
     Esta é a gradação do amor: Viu... Flertou... Gostou... Tentou... Amou... Venerou... (este é o fim que os desencontros impedem).
     Quanto tempo será necessário para largares esse orgulho e descobrires o óbvio? Eu Te Amo.
     Se nos meus versos vês incoerência, a justificativa para mim é bem simples: eles são o produto do infindável confronto entre a razão e a emoção, prevalecendo, entrementes, ora uma ora outra.
Ave Corrente
         Ansiedade é o que habitualmente faz acontece: ler o epílogo antes do prefácio.

     Epílogo é o que se lê primeiro. Prefácio, nunca.
     “Eu te odeio” é uma “declaração de amor” ao desamor.
     Um “Eu te amo” verdadeiro incomoda porque o tiraram dos corações.
     Amar é uma multiplicação que sempre deveria dar Um. Ou Três!
     Amar é dividir o indivisível.
     Se és sombra, és também a fotofobia.
     Sou a sombra... Sou a fotofobia.
     O que me amedronta não é a escuridão. É a ausência da Tua luz.
     Meu sonho só acordou porque sua realidade sofre de insônia crônica.
     Diante de tanta desgraça em nossos dias, um sorriso é mais questionado do que a própria lágrima.
     É na comunicação muda do amor que a linguagem se torna mais eficiente.
     Não é a distância que de ti me separa, é o silêncio.
     Muitas vezes nem sei qual o pior: se sua ausência ou sua presença em minha vida, apesar de tudo.
     Meus sonhos com você são de um realismo tão intenso que muitas vezes chego a pensar que a realidade é que é um sonho.
     Quantas vezes viajei fundo na irrealidade dos meus sonhos que, cegamente, acreditei: o sonho é minha própria realidade.
     Enquanto o orgulho for mais forte que o perdão, a felicidade tão sonhada ficará apenas na retórica.
     Quanto mais te vejo, mais distantes ficamos um do outro. Dá para entender?
     Uma palavra diz muito... um gesto diz mais... um verso diz muito mais ainda. Um verso é a prática simples da palavra.
     O dia em que o riso revelar o verdadeiro estado de espírito de alguém, neste dia, a lágrima será o próprio emblema da sinceridade.
     A energia que do teu ser emana é tão contagiante e tão dominadora que muitas vezes me sinto submisso. Urge dizer, entretanto, que se trata de submissão saudável e não subserviência.
     Quando um homem se encontra num verso – o mais ingênuo ou simples que seja – ele é capaz de encontrar-se consigo mesmo.
     Em lugar que questionar tanto o meu sorriso, não será mais humano destruir as causas de quem chora?
     Trabalhador brasileiro: cordeiro de Deus que paga os pecados do imundo.
     Futebol – Copa do Mundo de 1986: Brasil, encanto do mundo e desencanto de seu povo.
     Não é por medo de sofrer que deixarei de te amar. É por dar razão à própria razão.
     Felizes são aqueles que não confiam plenamente em alguém, porque assim correm menos risco de uma decepção.
     Pense nisso: o silêncio não é a solução. É problema. Ou, no mínimo, preocupação.
     O ciúme é uma doença que se nutre do resíduo de si mesma.
     Quando um verso fala, a palavra cala. Quando uma mulher fala... o mais sensato é pensar. Ela pode dizer coisas belas na forma de um sonoro “não”.
     A mulher é a própria poesia: subjetiva e concreta. Depende apenas como os olhos de cada um a vê.
     Uma palavra quando diz o suficiente para sensibilizar nossos ouvidos, certamente, não é somente uma palavra... é um verso.
     Somente agora entendi: o que de melhor aconteceu entre nós, foi nada ter acontecido.
     Se alguém disser que te ama mais do que eu, não faz mal. Dizer qualquer um pode, inclusive “esse alguém”, mas provar, ninguém o faz melhor do que nós.
     Do meu coração partem infinitos caminhos, mas um – e somente um – é o caminho do amor.
     Se entre nó existe amor, ele se assemelha a triângulos opostos pelo vértice: tem a mesma origem, mas “direções” diferentes.
     Filosofia de vida de um machista extremado: prefiro mil vezes ser “filial” a ter “filial”.
     Quantas e quantas coisas lindas nascem de um peito em prantos, amparadas entre o silêncio e um grito de desabafo. O contrário, necessariamente, não corresponde à verdade se for, de fato, pautado na sinceridade das palavras.
     O silêncio é quase sempre o único eco capaz de atingir forte e decididamente a mais distante solidão.
     Não te prometo o céu num me julgo capaz de tirar-te do inferno. Mas... juro, farei tudo (até, se possível for, o impossível) para que ao meu lado não te sintas entre o céu e o inferno... te sintas feliz... te sintas comigo.
     Aquela poesia (A mulher que passa) só existe porque, diante da minha janela, você sempre passa, graciosa e bela. Um dia, no entanto, percebi (nem sei como) que meu poema nada mais era senão uma ficção. Mas você continua a passar... e passou!
     Solidão é a imensurável distância entre o corpo e a alma. É algo que cresce ininterruptamente que por vezes procuramos – num toque inconsciente – nossa própria pele... e ela não está.
     Que ironia, meu Deus! Como poderia imaginar que quanto mais apressava os passos para buscar seu encontro, mais próximo eu ficava do fim! Quando disso me fiz consciente e, sabendo que o espaço e o tempo não me permitem recuar, diminuí o ritmo, porque assim fico mais próximo do começo, o que me dá direito de recomeçar e buscar a felicidade que está à frente, em cada rosto perdido na multidão.
     Sonho e realidade são situações que, quase sempre, se conjugam. Querer delimitar o fim de um sonho e o limiar da realidade é, em tese, um pesadelo.
    Quanto mais passa o tempo e miramos, consciente e friamente, a realidade que um dia nos cercou, percebemos que nossas diferenças já eram bem maiores do que as percebidas por nossos sentidos empanados.
    Enquanto teu orgulho aniquilar a reação do mais tímido desejo de perdoar, nunca haverá motivos para crescermos juntos. Nunca poderemos partilhar do mesmo ideal, da mesma alegria, da mesma tristeza... da vida!

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